Cláudio André Mergen Taffarel
Biografia
Cláudio André Mergen Taffarel, mais conhecido como Taffarel, foi goleiro do Atlético entre os anos de 1994 e 1998. O ex-jogador fez 191 jogos com a camisa alvinegra e levou 203 gols.
Início de Carreira
Natural de Santa Rosa, cidade do Rio Grande do Sul, Taffarel em sua infância procurava praticar todas as modalidades esportivas, mas declarava gostar de apenas quatro - futebol, vôlei, handebol e natação. Segundo o goleiro, foi especialmente o vôlei que lhe deu impulsão, reflexo, agilidade e noção do tempo certo de bola, que o ajudou muito a ser o goleiro que é. Iniciou sua carreira em um time amador local, o Tupi. Tentara, porém sem sucesso, a sorte duas vezes no Grêmio, em 1981 e em 1984, por ser o único clube com um representante em sua cidade, assim justificava. Papico, que foi seu técnico no amador Tupi, confiando em seu potencial, treinou Taffarel durante um mês numa piscina e despachou-o para o Inter, ainda em 1984. Chegou no dia 14 de março e assinou ficha após dois testes. Foi campeão brasileiro de juniores pela Seleção Gaúcha em setembro. Três meses depois, foi campeão também pelo juniores da Sul-Americana. Ao voltar de Moscou campeão do Mundial de juniores, em 1985, foi promovido ao quadro profissional do clube. Entretanto, Taffarel não deslumbrava-se fácil. Tinha sempre seus pés no chão. Sustentou nessa fase seus dois irmãos que moravam com ele, com um salário de 50 mil cruzados.
Ídolo no Atlético
Conquistou vários amigos em sua passagem por Minas Gerais. Chegou ao Atlético após ser campeão do mundo pela Seleção Brasileira em 1994. Evangélico, o ex-goleiro do Galo buscava forças para atravessar os momentos difíceis na igreja. Taffarel, sempre após cada treino, procurava deixar uma palavra amiga aos funcionários mais humildes além de apoio financeiro nas horas difíceis. Encabeçava a lista de doações de cestas básicas aos funcionários do Atlético quando os salários atrasavam. Rapidamente se transformou em ídolo da torcida de quem ganhou o famoso canto: "El, el, el sai que é sua Taffarel".
Sua passagem pelo Galo foi, por vezes, conturbada por problemas com a diretoria, ao questionar, principalmente, o atraso nos salários. Houve, em campo, apenas um episódio triste envolvendo o goleiro. Numa partida contra a Caldense, válida pelo Campeonato Mineiro em 1996, Taffarel agrediu o atacante Jamerson. O fato causou estranheza, já que Taffarel é considerado uma pessoa equilibrada. Julgado pela 2ª Câmara do Tribunal de Justiça da Federação Mineira de Futebol, foi punido por três jogos. Arrependeu-se e pediu desculpas ao atacante.
Mas foram fatos que não prejudicaram a imagem do goleiro que foi um fenômeno pelo seu carisma, caráter e desempenho, tornando-se o maior ídolo das crianças e admirado pela massa atleticana.
Ao todo, completou dezoito partidas pela Seleção Brasileira além de transformar-se em São Taffarel ao defender dois pênaltis contra a Holanda, nas semi finais da Copa do Mundo de 1998.
Saiu do Atlético após voltar do Mundial em 98 para defender o Galatasaray, da Turquia, onde foi negociado por seiscentos mil dólares.
Carta de Despedida
Taffarel deixou o Atlético após o fim da Copa do Mundo de 1998 e por uma identificação forte com a torcida atleticana, escreveu uma carta de despedida que foi publicada no jornal Estado de Minas em 12 de julho de 1998:
"Mineiros,
Muitas vezes em entrevistas vocês me ouviram falar sobre o quanto eu estava bem em Belo Horizonte e o quanto foi importante para mim, minha carreira e minha família a acolhida que BH e todo o Estado de Minas Gerais me deram. A minha chegada, aquela emocionante e inesquecível recepção, os momentos felizes com um time de garra e coração como poucos, as tristezas que o futebol volta e meia traz, os altos e baixos foram divididos com muita dignidade.
A verdade é que estes três anos e meio que passei com vocês me fizeram sentir parte desse povo e a minha sensação foi retribuída quando, através da Medalha da Inconfidência, recebida das mãos do governador Eduardo Azeredo, senti a honra de fazer parte de uma terra tão importante na história do nosso País. No momento em que as coisas pareciam estar complicadas, foi Belo Horizonte, que por indicação do vereador Ronaldo Gontijo, me agraciou com o título de Cidadão Honorário.
Sabem, eu estava em casa. Tão em casa que meus companheiros de time, meus treinadores (quase todos), e os funcionários do Atlético eram pra mim como uma grande família.
Toda esta identificação teve um preço, e eu não pude, muitas vezes, cruzar os braços vendo tantas injustiças que aconteciam com esta gente a quem eu quero tão bem. Na Vila Olímpica, na concentração, no vestiário, no Mineirão, tantas vezes recebi meus filhos como se tudo aquilo fosse também um pouco meu.
Com quanta alegria eu ouvia a Massa Atleticana gritando: "El, el el, sai que é sua Taffarel!!!". Me lembro de cada cidade do estado de Minas Gerais e da maneira como sempre me receberam com palmas, gritos de incentivo e até homenagens, mas, sobretudo, com carinho e respeito. Depois de um gol sem explicação, de uma briga ou outra situação ruim, nunca faltaram mensagens de otimismo por parte da torcida do Galo. Bastava abrir um jornal no dia seguinte e lá estava o atleticano me dando o maior crédito. E este é o tipo de coisa que marca a vida da gente.
Amizades verdadeiras não faltaram neste tempo em que estive com vocês, dentro do meu clube, todos, e fora dele, muitos. Tantas vezes recebi cumprimentos de cruzeirenses e americanos que, independentemente das cores, provaram com isto a esportividade que falta ao futebol hoje. Gostaria de citar o nome de todos os amigos, de todas as pessoas que me deram força, de todos os torcedores que gritavam meu nome, de todos. Mas escolhi um que representa bem o verdadeiro mineiro, o tipo de amigo, fã que todo jogador gostaria de ter e que eu tive: Gerson Sabino (ele deixou BH antes de mim).
Dentro da imprensa também fiz amigos que me ajudaram a esclarecer para muitos o que não era do interesse de poucos. E foi também esta imprensa que me elegeu para Troféu Guará, Kafunga e como uma das 100 personalidades esportivas nos 100 anos de Belo Horizonte.
Tudo isto e mais os títulos e quase títulos com o Galo, coroam estes quase quatro anos. Agradeço a Deus por tudo e pela oportunidade de ter vivido o que vivi porque no meu coração vou ter sempre a recordação calorosa e simples deste povo das Minas Gerais. Afinal, só mesmo se eu fosse uma criatura amarga poderia deixar que poucos momentos de tristeza causados por pessoas de espírito tão pobre, sobrepusessem as alegrias que vocês, meus amigos, me proporcionaram.
Se hoje estou deixando Belo Horizonte, não é por minha vontade, é porque relacionamentos profissionais como o que eu tenho com a diretoria do Atlético atingem limites e o limite foi atingido. O que eu quero dizer a vocês é que as diretorias passam, os jogadores chegam e vão embora, mas o Atlético Mineiro é uma instituição. Um clube de tradição, de força, de raça e com uma das maiores e melhores torcidas do Brasil. Por isso, mesmo sem TAFFAREL o grito do GALO vai continuar ecoando por todos os grandes estádios do país e onde quer que eu esteja, tenho certeza, vou ouví-lo.
Um forte abraço, Taffarel."
Ficha Técnica
Nome: Cláudio André Mergen Taffarel
Posição: Goleiro
Data de Nascimento: 08 de Maio de 1966
Naturalidade: Santa Rosa-RS
Carreira
Internacional-RS - 1985/1990
Parma-ITA - 1990/1993
Reggiana-ITA - 1993/1994
Atlético - 1994/1998
Galatasaray-TUR - 1998/2001
Parma-ITA - 2001/2003
Partidas Disputadas
199770 Lanús-ARG 1 x 4 Atlético
199778 Atlético 1 x 1 Lanús-ARG
Títulos
1994 - Copa do Mundo - Seleção Brasileira
1995 - Campeonato Mineiro - Atlético
1997 - Copa Centenário de Belo Horizonte - Atlético
1997 - Copa Conmebol - Atlético
2000 - Copa da UEFA - Galatasaray-TUR